Conheça Pamela, a cantora que revolucionou no meio gospel

Sem saias longas e cabelos até o joelho. A cantora Pamela fugiu aos padrões tradicionais e antigos da igreja e faz parte de uma geração de evangélicos modernos. Primeira cantora gospel a gravar um funk, sucesso nas rádios cristãs e seculares e com um extenso público LGBT, Pamela transcendeu o universo da música e hoje é também uma digital influencer. Com dicas de moda e beleza, a dona do hit “Tempo de Sorrir” já acumula mais de 300 mil seguidores no Instagram e mais de 6 milhões de visualizações no youtube. Ela é moderna e vem ditando tendências.

Você é uma cantora que é conhecida por fugir dos padrões em seus estilos musicais. Como você se define como cantora?

Eu me defino como uma cantora pop que canta música cristã, a letra em si. Falo de Deus, letras motivacionais e que também falam de amor nas canções românticas.

No meio gospel, veio uma inovação sua que foi a gravação de um funk seguindo essa linha. Não houve um certo receio ao tanto experimentar essa nova música?

Houve sim receio e preconceito do próprio público cristão, porque algumas pessoas são muito religiosas e não entenderam a visão que a minha gravadora e eu tivemos na época. Então a gente sofreu muito, muita gente não gostou, só que a maioria venceu esse preconceito e hoje tenho certeza de o que tá rolando ai de moderno no meio gospel é porque eu e outras pessoas que vieram antes de mim quebraram muito tabus em relação a música. As pessoas têm que entender que a música, ela é uma coisa universal independente de religião ou ritmo, o que importa realmente é o conteúdo da letra, o que toca o coração das pessoas, a letra que te faz sonhar, que te faz se sentir melhor, te coloca para cima e o que realmente importa na música.

Considerada uma influenciadora em suas redes sociais, seus posts dão muitas dicas de moda e beleza. Como surgiu esse interesse pelo assunto?

Eu sempre gostei muito de moda, beleza, de compartilhar as coisas que eu usava, que eu faço, sempre dividi isso com meu público e sempre fui uma artista diferenciada, porque geralmente o artista ele se esconde um pouco, então eu sempre mostrei e sempre lancei moda no meio gospel. Quando fui vendo o surgimento das blogueiras, eu até que demorei um pouco mais para levar isso de uma forma profissional como estou levando hoje, deveria ter feito isso antes. Na época eu estava muito mais focada na minha carreira como cantora, estou falando disso em 2002 e 2003, mais de 2 anos para cá que eu tenho focado realmente como influenciadora, falando mesmo com mais dedicação e conteúdo, pessoalmente no meu Instagram, sobre moda, estilo de vida e agora grávida também, estou compartilhando tudo que estou vivendo.

Foto: Reprodução/Instagram

O que a inspirou a fazer o hit “Tempo de Sorrir”?

O projeto “Tempo de Sorrir” é um CD muito alto-astral, muito dançante e cheio de mensagens positivas, muito bem produzido musicalmente, não porque foi produzido pelo meu marido o Marcia Carvalho, mais é um CD que a gente se preparou muito tecnicamente, pegamos tudo que tem de mais recente em arranjos, em criatividade e na produção musical. Decidimos relançar ele agora em uma versão toda ao vivo, então é um CD que quando foi lançado em 2014 foi muito especial e é mais ainda hoje, sinal que música boa não fica velha nunca, e é um CD que vem querendo trazer essa mensagem, algo mais para cima, positiva e alegre para levantar o astral de qualquer pessoa.

Sendo um diferencial, qual é a sua opinião sobre os estilos de músicas tradicionais das igrejas? Acha que as pessoas deveriam adotar mais os seus próprios jeitos?

Eu acho música tradicional maravilhosa, curto demais para alguns momentos e eu respeito quem gosta. Eu acho que tem gosto para tudo e também tem público para tudo, tem gente que gosta de música tradicional outros mais modernas, tem gente que não gosta de música, e eu super respeito. Acho que cada um tem que ouvir aquilo que gosta e sem trazer discurso de ódio. O problema do público evangélico é que eles querem que a verdade e a opinião deles sejam impostas doa a quem doer, então a pessoa que gosta de música tradicional vê uma pessoa que gosta de música pentecostal ela vai achar um absurdo, vai menospreza-la porque ela acha que só a música dela vai tocar no céu, acha que Deus só está na música dela. Esse é o problema do meio gospel, porque ainda existem pessoas que tem preconceito com tudo, porque eles se acham os donos da verdade, porém eu acho que isso está melhorando e tenho fé em Deus que isso vai acabar um dia.

Você tem uma boa base de fãs da comunidade LGBTQ. Como é ficar no meio da rixa de algumas religiões com o público?

Bom, eu vou falar o que está na Bíblia: Eu amo o pecador, a pessoa, não o pecado. Não é que eu concorde com a prática LGBT, mais eu não vou julgar ou colocar o dedo na cara de ninguém, porque cada um é dono da sua vida e sabe o que é melhor para si. Eu tenho um carinho enorme pelos meus fãs do público LGBT, eu trato eles super bem e sei que minha música toca muito o coração deles, e eu não tenho nenhum tipo de preconceito, muito a contrário, eu fico muito feliz de saber que eles gostam do meu trabalho e da minha música. Pena que não é sempre assim com outros artistas e com outras pessoas, tem gente que não entende que é muito radical e acaba que confundem as coisas. Então, Jesus veio para todos, então porque eu que não sou ninguém, sou uma pecadora também, porque de repente o meu pecado você não consiga ver, mais o do outro você consegue ver e colocar os dedos na cara dele e acusar ele. Então eu sou incapaz de colocar o dedo na cara de uma pessoa e falar o que está certo e o que está errado até porque essas pessoas, esse grupo tem o conhecimento da palavra de Deus e acho que a igreja é um refúgio para eles, então eles chegam lá e são discriminados, então é muito complicado essa situação.