A soprano espanhola Montserrat Caballé morreu na madrugada deste sábado, 6 de outubro, no Hospital Sant Pau, na cidade de Barcelona. Caballé, que possuía de 85 anos, se encontra internada desde o mês setembro por conta de um problema na vesícula. A causa da morte ainda não foi divulgada.
O velório vai ser realizado a partir das 14h de domingo no Funeral de les Corts e o funeral ocorrerá na segunda, de acordo com o jornal espanhol El País.
Caballé vinha apresentando problemas de saúde nesses últimos anos. No mês de outubro de 2012, ela teve um derrame cerebral durante uma apresentação na Rússia. Quando caiu inconsciente, ela fraturou o úmero. A questão da saúde física não foi o único problema nesses últimos anos de vida da cantora. Em dezembro de 2015, ela recebeu uma condenação de seis meses de prisão e a pagar uma multa que beirava os 250 mil euros por evasão fiscal.
A soprano teve sua estreia profissional em 1956, efetuou mais de 4 mil shows e era uma das últimas grandes divas do canto lírico – homenagem essa que ela rejeitou, durante uma entrevista ao El País em 2014:
“Eu não me considero uma lenda da ópera, nem a última diva, como os jornalistas às vezes escrevem. Cada época tem seus divos e, no meu caso, a única coisa que fiz foi fazer bem o meu trabalho, da melhor forma possível, no mais alto nível”.
Classificada por vários críticos como a melhor soprano do século XX, Montserrat Caballé ganhou um Grammy e o Príncipe das Astúrias das Artes, a mais alta honraria fornecida na Espanha, em 1991.
Caballé fez apresentações com todos os grandes artistas e falou na mesma entrevista ao jornal espanhol ter uma afinidade especial com três deles: Pavarotti, Plácido Domingo e José Carreras.
“Quando Manon Lescaut cantou com Plácido Domingo, que foi maravilhoso, ele me disse que descobriu um novo mundo cantando comigo e aconteceu a mesma coisa comigo. Com José Carreras eu tive um relacionamento muito especial, ficamos encantados ouvindo um ao outro. E, com Luciano Pavarotti, era como um pai”, declarou a soprano.
Outro ponto de sua carreira que foi bem marcante foi a interpretação, ao lado de Freddie Mercury, da canção Barcelona,um sucesso de 1987. Depois da morte de Freddie Mercury, a canção foi tema da abertura dos Jogos Olímpicos de 1992.
Repercussão
Personalidades do universo da política e da cultura lamentaram o falecimento de Caballé. O chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, disse que a perda era uma “triste notícia”. “Morreu uma grande embaixadora do nosso país, uma soprano de ópera reconhecida internacionalmente. Montserrat Caballé, sua voz e sua doçura permanecerão sempre conosco”, postou no Twitter.
O rei da Espanha, Felipe VI, explicitou suas condolências pela morte da cantora soprano. Caballé foi “a grande dama da ópera, uma lenda da cultura universal, a melhor entre os melhores”, falou o monarca por intermédio de seu perfil oficial no Twitter. “Sua personalidade e sua voz inigualável vão nos acompanhar para sempre.”
O Teatro do Liceu de Barcelona, onde Caballé se apresentou mais de 200 vezes, também se expressou, lamentando o falecimento “de uma das sopranos mais importantes da história”.
“De todas as sopranos que escutei ao vivo em teatros, nunca escutei ninguém cantar como Caballé”, desabafou o tenor espanhol José Carreras durante uma entrevista radiofônica concedida no sábado.