Miss Universo: Conheça a mulher trans que concorreu pela Espanha

O concurso de Miss Universo, apesar de investir em um padrão específico de beleza, teve alguns avanços em 2018. A comissão julgadora, que elegeu a vencedora das Filipinas, Catriona Gray, foi composta inteiramente por mulheres.

Além disso, entre as participantes, esteve Angela Ponce, mulher trans que concorreu pela Espanha. Angela deixou para trás outras 22 candidatas em seu país de origem para chegar até o concurso deste último domingo. Assim, se tornou a primeira mulher transgênero a concorrer.

Uma das curiosidades do Miss Universo é que seus direitos já foram de Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos. A abertura para mulheres transgênero se deu em 2012, após a australiana Jenna Talackova ser impedida de participar.

Mudança geral

Angela Ponce tem exercido um papel fundamental no que diz respeito a concursos de beleza. Em 2015, participou do Miss Mundo e descobriu, pouco antes de subir o palco, que as regras a impediam de ganhar. Após ser convocada ao Miss Universo, fez com que as regras do outro concurso mudassem, numa transformação que não deve parar.

Em entrevista à Time, Angela se diz pouco crítica ao aspecto sexista da competição, pois “nenhuma das concorrentes é forçada a participar”. Para ela, sua presença é importante pois mostra que as mulheres trans podem chegar onde quiserem.

E isso não foi fácil em seu percurso. Ao começar como modelo, aos 18, teve várias oportunidades negadas. Mesmo depois de conquistar uma vaga de trabalho, sua agência recebia ligações dizendo que o cliente havia mudado de ideia ao descobrir que Angela é transgênero.

Da Espanha ao Brasil

A Espanha exerce liderança em termos de gênero dentro da política, com uma ótima representatividade das mulheres cisgênero. No entanto, o mesmo não acontece a outros grupos.

No dia a dia, uma das questões apontadas como problemáticas é que pessoas trans não podem ter uma identidade legal até os 18. Aqui no Brasil, o Supremo Tribunal Federal aprovou, no início do ano, uma decisão histórica. Agora, é possível alterar o registro civil sem necessidade de justificativa.

Por outro lado, em termos de segurança, a situação é abominável. Apesar de alguns avanços em termos legais, em 2016, a ONG Transgender Europe apontou que o Brasil liderava o ranking de países com maior número de homicídios a transgêneros.