Facebook forneceu acesso a mensagens privadas, diz investigação

Em mais um capítulo da novela entre Facebook versus privacidade dos usuários, as notícias, como sempre, não deixam de surpreender. Em matéria investigativa publicada hoje, no jornal The New York Times, surgiu mais um detalhe pra essa trama.

O jornal teve acesso a documentos gerados em um sistema interno da empresa, em 2017. Tais documentos mostraram que o Facebook forneceu um acesso extremamente intrusivo a várias empresas. Entre elas, Netflix, Spotify e Royal Bank of Canada, que puderam obter informações de mensagens privadas dos usuários. O acesso era tão intrusivo que essas empresas podiam escrever a apagar comentários. Se o compartilhamento de informações já não era uma novidade, havia alguma esperança em relação às mensagens privadas.

Outro acesso indevido foi aos nomes de amigos dos usuários, feito pelo mecanismo de busca do Microsoft Bing. Mesmo quando a personalização instantânea foi descontinuada, em 2014, o site Rotten Tomatos e o streaming de música Pandora continuaram a visualizar os dados de amigos dos usuários.

Já a Amazon teve acesso a informações de contatos também por meio de amigos; e o Yahoo pode visualizar posts de amigos até recentemente, apesar da indicação de que esse tipo de compartilhamento estava banido há anos. Inclusive, o próprio jornal New Yor Times teve esse acesso liberado.

Em 2017, Microsoft, Sony e Amazon puderam obter emails de usuários por meio de seus amigos. Dos parceiros, o Facebook utilizou os dados da Amazon, Yahoo e Huawei para elaborar a ferramenta de “pessoas que você deve conhecer”. Até uma empresa russa entrou na história. A Yandex pode indexar postagens e identidades de usuários de páginas públicas para otimizar seus resultados de busca.

Confusão de longo prazo

Desde março, Mark Zuckerberg não tem tido muita paz com esses trâmites indevidos do Facebook. O compartilhamento de informações dos usuários, por vias legais e ilegais, tem sido a principal fonte de lucro da empresa, com crescimento de peso nos últimos anos.

No início de 2018, o alvo das investigações foi a relação com a Cambridge Analytica, que ajudou Donald Trump a se eleger nos EUA utilizando dados dos usuários da plataforma. Zuckerberg, à época, disse que o Facebook tinha completo controle sobre o assunto e utilizava restrições de privacidade rigorosas.

No entanto, entrevistas com 50 empregados e empresas parceiras revelaram como os dados dos usuários eram utilizados para os negócios, burlando tais medidas de privacidade. Ao todo, segundo levantamento da investigação, 150 companhias se beneficiaram do acesso.

No geral, as empresas citadas na matéria do NYT afirmaram desconhecer os amplos poderes aos quais tinham acesso.