Em 2015, Kevin Parker da banda australiana Tame Impala, incorporou na faixa “Cause I’m a Man” uma série de manifestações que se sucederam. Muitos entenderem a letra como uma crítica à masculinidade tóxica, porém muitos tivemos uma leitura menos otimista da canção: “Cause I’m a man, woman/ Don’t always think before I do/ Cause I’m a man, woman/ It’s the only answer I’ve got for you pode ser, sim, machista.
Recentemente, a cantora, compositora, instrumentista e produtora musical Rita Oliva, escreveu uma resposta a Kevin Parker, mostrando que a discussão vai além da dualidade. Provocada pelo assunto, surgiu a música “Homem Mulher” composta por Rafa Bulleto da extinta banda “Cabana Café”. Confira a entrevista com Rita Oliva!
Recentemente tivemos o lançamento de “Homem Mulher”. Poderia nos contar um pouco sobre esse projeto?
Esta é uma música que escrevi em 2015 e venho tocando desde que assumir o codinome Papisa com o lançamento do EP em 2016. Ela não entrou no disco Fenda que lancei no ano passado mas faz parte do repertório dos shows há anos, então resolvi gravá-la em um formato ao vivo, em banda, e lança-la como um Lado B do disco, que estará também no Fenda Deluxe.
Onde começou a ideia de conceber Papisa?
Começou quando me vi em um hiato com minhas bandas anteriores (Cabana Café e Parati) e resolvi lançar meu projeto solo.
Fale um pouco sobre sua parceria com Rafa Bulleto da banda “Cabana Café”.
Criamos essa música em 2015, e na verdade ela entraria no último disco do Cabana, o Moio. Como não entrou, eu trouxe ela para o repertório da Papisa. O processo foi mais ou menos rápido, o Rafa mandou um instrumental, a partir dele criei melodia e letra, editei um pouco o mapa e ela nasceu. Tem uma caída de tom no meio da música que surgiu em um fim-de-semana na chácara de um amigo no comecinho de 2016. Ficamos empolgados com a ideia e lembro da gente tocando no violão e brincando com isso. É uma parte que gosto muito da música.
Como foi seu início no meio musical?
Comecei estudando piano com 7 anos. Não sei se isso é entrar especificamente no meio musical, rs, mas a música sempre fez parte da minha vida. Depois estudei outros instrumentos, tive várias bandas. Comecei a considerar como trabalho de fato em 2009.
Quais são seus próximos planos na carreira?
Vou continuar trabalhando no disco lançado ano passado, com as adaptações que o momento pede, em relação à impossibilidade de fazermos shows com presença física do público. Vou lançar outras versões das músicas e outros materiais que estão sendo produzidos. Também devem sair colaborações com artistas com quem venho flertando há tempos.
Deixe uma mensagem aos leitores nesse momento tão particular.
É importantíssimo cuidarmos de nós e de todos agora, permanecendo em isolamento social, só saindo quando for absolutamente necessário (e de máscara) e também prestando atenção na saúde mental. Se sentir que está muito difícil, procure ajuda. Esse é um momento muito único e também carrega um potencial muito grande para que a gente trabalhe nas nossas estruturas internas e expanda nossas metas para o bem coletivo. Não sairemos os mesmos dessa crise, o mundo já não é mais o mesmo que conhecíamos. É crucial que a gente repense o legado que deixaremos para as próximas gerações e pratique a mudança que queremos ver, nos tornando cada vez mais conscientes das nossas escolhas. Um dia de cada vez, seguimos.