Grêmio: O novo rico do futebol brasileiro

Neste início de temporada, o clube gaúcho tem sido um dos protagonistas do futebol brasileiro, negociando com atletas de ponta… e caros. Seria o Grêmio uma potência financeira para os próximos anos, mudando o cenário da elite do futebol brasileiro?

VEM AÍ UM ‘SUPER GRÊMIO’?

Uma das expressões mais utilizadas pela internet nas últimas semanas, que tinha como intenção reconhecer a subida do Grêmio no Power Ranking do futebol brasileiro. 

As notícias que saíam a todo instante nas mídias sociais, e também em grandes canais esportivos do país, era o acerto próximo do clube com grandes nomes.

O primeiro deles, foi o lateral-direito Rafinha. O jogador que em 2019 foi campeão com o Flamengo, disparado o melhor lateral do país, e em 2020 foi parar no futebol da Grécia.

O jogador estava em tratativas para voltar ao clube carioca, mas por desentendimentos com membros da diretoria, acertou com o clube gaúcho. Notícias dão conta de que o acordo vai até o final de 2021, com um salário na casa dos 450 mil reais por mês.

Rafinha seria somente a abertura da porta para outras contratações. A ideia do “Super Grêmio” ganhava força, mas tudo no futebol é momentâneo…

A segunda grande contratação seria a do volante do Tigres, Rafael Carioca. Carioca é cria da base gremista, um dos melhores jogadores do time mexicano, que recentemente disputou o Mundial de clubes da FIFA.

O jogador quer vir, o Grêmio o quer, mas a proposta de compensação financeira não agradou os mexicanos, e ao que tudo indica, essa negociação esfriou, por hora.

Mas o tricolor gaúcho ainda tinha um acordo firmado com o centroavante colombiano Rafael Borré, do River Plate. Um dos mais cobiçados da América do Sul.

Segundo a imprensa brasileira, a imprensa argentina e membros da diretoria gremista, o clube realmente se acertou com o jogador, que estava pronto para vestir a camisa gremista.

A proposta: salário anual de 2 milhões de dólares (11,5 milhões de reais), e luvas diluídas em um período de 3 a 4 anos de contrato, no valor de 6 milhões de dólares (mais de 34 milhões de reais).

Os custos mensais seriam elevadíssimos, mas compensariam pela qualidade do jogador. o Palmeiras, que tem o aporte financeiro da crefisa, negociou com o jogador, e desistiu, pelos valores do negócio.

Mesmo apalavrado, o clube enviou o pré-contrato, que não foi assinado por Borré. O motivo? o técnico do River Plate, Marcelo Gallardo, o convenceu a pensar melhor, e esperar uma proposta da Europa.

O Grêmio identificou insegurança no jogador, não quis gastar uma fortuna em um atleta indeciso. Borré esperou uma proposta da Europa que não se concluiu, e Gallardo faz o jogador perder o maior contrato da vida dele.

Será que tudo isso muda também o status do Grêmio no cenário das apostas esportivas? Vale a pena começar a acreditar no Grêmio?

SONHA COM UM, ACORDA COM OUTRO…

O Grêmio sentia falta de um grande volante, para dar segurança, mas ajudar seu meio-campo construtor. O sonho era Rafael Carioca, a torcida se enchia de esperanças.

Mas o negócio esfriou, e quem foi contratado, foi Thiago Santos, ex-volante do Palmeiras, que defendia o FC Dallas, dos Estados Unidos.

Embora a torcida tenha tido uma rejeição enorme com o nome contratado, a intenção aqui é mostrar que o Grêmio tem sim, potencial financeiro.

O clube gastou nada mais nada menos que, 8 milhões de reais, para buscar esse reforço. Foi bem gasto? Não foi. Ao menos no ponto de vista da torcida, mas o clube tem dinheiro, e está no mercado.

Outro sonho da torcida gremista, é a volta de Douglas costa, o atacante da Juventus tem seu vínculo se encerrando no meio do ano. Douglas, em entrevistas recentes, abriu que tem conversado com a direção do Grêmio, e aceitaria reduzir seu salário (que é absurdamente alto), para voltar ao clube do coração.

Mesmo assim, especula-se que os vencimentos do atleta girariam em torno da casa dos 2 milhões de reais por mês, o maior salário do futebol brasileiro. O atleta ainda tem de negociar com o clube italiano, e essa negociação é tratada como difícil.

Outro sonho do Grêmio, que acabou virando notícia recentemente, é a sondagem sobre Soteldo, atacante do Santos.

O venezuelano de 23 anos custa muito dinheiro, mas o Grêmio tenta se aproveitar das dívidas do Santos com o Huachipato (clube vendedor do atacante), além do seu problema financeiro e dificuldade de manter grandes salários.

A proposta inicial seria de 2 jogadores por empréstimo, mais uma quantia que gira entre 25 a 28 milhões de reais, por 50% dos direitos econômicos do jogador. 

E aí, o Grêmio tem ou não tem dinheiro? Falando em dinheiro para aqueles que gostam de apostar mas não tem muito disponível no momento uma idéia seria utilizar os bônus de apostas que as casas do setor oferecem.

CLUBE NÃO TEM PARCERIA FIXA COM INVESTIDOR!

Se te perguntarem quais são os clubes mais poderosos do Brasil na atualidade, sem pensar muto você com certeza vai responder Flamengo e Palmeiras.

O Flamengo, bicampeão brasileiro, campeão da Copa Libertadores, hoje é o clube a ser batido. Paga altos salários, tem um time muito forte, fruto de uma grande administração, mas beneficiado pelo centro onde está inserido, tamanho de torcida, etc.

O time é o que mais recebe verba de televisão, tem um poder de negociação muito alto com patrocínios, entre outros. Ainda, suas vendas são bastante inflacionadas, muito por questão de mídia que envolve o clube, e a tendência é se manter no topo.

O Palmeiras tem o retorno técnico dentro de campo, centro onde está inserido, mas muito do seu sucesso veio após fechar parceria com a Crefisa, e milhões em investimentos no futebol do clube.

Outro a seguir esse caminho agora é o Atlético-MG, bancado pela MRV, que vai fazendo seu estádio próprio, além de bancar contratações de peso.

O Grêmio saiu do buraco graças a administração de Romildo Bolzan. O mandatário tem 3 mandatos consecutivos, pegou o clube com dívidas astronômicas, pendências judiciais, além de um retorno técnico dentro de campo sofrível.

O clube não tem parceria para contratações (algumas com ajuda de investidores, porém, com devido repasse financeiro), não detém uma das maiores verbas de televisão, e não tem o mesmo poder de negociação para fechar contratos milionários de patrocinadores, como tem os clubes de rio e São Paulo.

Tudo é fruto de administração. Gasta-se o que pode, não dá o passo maior que a perna, alimenta sua estrutura interna, e aposta no seguimento de treinador e filosofia de trabalho. Nada veio do dia para a noite.

Em comparação com os rivais Palmeiras e Flamengo o Grêmio continua um pouco. Na Betano por exemplo, a equipe é apenas a quinta favorita ao titulo do Brasileirão.

APOSTA NAS CATEGORIAS DE BASE E MELHORA DA ESTRUTURA INTERNA

Muitos lembram apenas do Grêmio vencedor, que saiu da fila em 2016 ao conquistar a Copa do Brasil, no ano seguinte Libertadores, e todo aquele papo de melhor futebol do país.

Claro que 2019 pra cá, esse papo de futebol foi caindo por terra. Mas a questão aqui é mostrar que o Grêmio não é rico, mas sim, bem administrado.

Desde 2014, o clube parou de ter gastos exorbitantes, sem que pudesse pagar por eles. Apostou na melhora das estruturas dos Centros de treinamento da categoria de base e Escola de Futebol.

Subida de jovens da base em todos os anos, passando por um processo de lapidação junto ao elenco principal. Estes, não entram no time de imediato, mas sim, entram em uma roida que gira todo ano.

Muitos atletas vendidos, e sucedidos por outros de características parecidas.

Em 2016, Pedro rocha ajudou na conquista da copa do Brasil, e já tinha Everton, seu substituto dentro do elenco. 

O “cebolinha” chegou até a seleção brasileira, ajudou na conquista da Libertadores, e classificou o clube pra final do Mundial de Clubes, e foi vendido ao Benfica.

Dentro do elenco já se tinha o seu substituto, que era Pepê, reconhecido pela mesma agressividade e poder de finalização. Pepê foi vendido, e seu substituto já está na Arena, e jogando com muita qualidade: Ferreirinha.

Ferreira já tem substituto, alguns jogadores estão sendo lapidados para isso, mas esse processo vai ocorrer no futuro.

No meio-campo o processo foi exatamente o mesmo. Começando com Wallace (vendido ao Hamburgo), passando por Jaílson (vendido ao Fenerbahçe) e Arthur (vendido ao Barcelona).

Substituto está no time titular há dois anos, que é Matheus Henrique, e já com jovens da base incorporados no elenco principal.

Além disso, outros nomes foram vendidos para dar ao clube a chance de melhorar seu produto interno. O volante Diego Rosa, nem estreou no principal e foi vendido ao Manchester City.

O atacante Tetê, foi vendido ao Shakhtar, da Ucrânia, e hoje é um dos destaques do time que joga UCL todo ano.

Com o dinheiro, o clube reformou e melhorou toda estrutura do CT da Base, construiu alojamentos melhores, e melhorou a qualificação profissional para subir o nível da formação do clube.

O Grêmio não é rico, mas sim, passa por um longo planejamento que chega a quase uma década.

Para muitos, a crítica é feita apenas nos resultados recentes, e o quanto o clube tem tido “frutos”, mas poucos olham o processo feito em todos esses anos.

O futebol brasileiro é imediatista, e quase nenhum clube quer ter esse processo lento, para ter sucesso na década seguinte. Todos querem pra ontem, e pra ter resultados, se endividam cada vez mais.

É por isso que a grande maioria segue afundado em dívidas, e cada vez mais, a tendência é que poucos clubes se tornem o centro técnico do país, pois não existe planejamento de longo prazo no Brasil. 

Simplesmente não existe.